Museu Oficina Antônio Rabelo

São expressões dinâmicas da criatividade humana. São cenários vivos e ativos da cultura e do saber fazer popular, abertos nas casas dos mestres que os receberam de herança de seus ancestrais e os mantêm autênticos. Lugares inovadores de partilha da memória, os museus orgânicos são estruturas de conhecimento e de transmissão fértil e permanente da história, da cultura e das artes dos povos, nas suas mais particulares manifestações. Expressões identitárias de um povo, hibridando todos os tempos e todas as linguagens das artes e da cultura popular, os museus orgânicos são as portas abertas que conduzem do passado para o futuro a história de um povo, construída e interpretada pelos seus verdadeiros obreiros, oferecendo uma narrativa de interface cultural de possibilidades amplas e de participada valorização territorial. Fortemente comprometidos com a sustentabilidade inteligente da gente e das regiões, os museus orgânicos organizam-se em rede de malha larga, que se estende em todo o território, numa disposição criada a partir das casas dos mestres, num diálogo contínuo com as realizações coletivas cotidianas. São museus abertos, tomando o formato de museu casa, museu oficina e museu casa oficina, em razão do conteúdo diverso que revelam. Estruturas fixas (econômicas e sociais) e material móvel articulam-se de modo a valorizarem-se mutuamente e, de modo direto e numa perspectiva de uso social do patrimônio, a comunidade no seu todo é envolvida e se sente beneficiária e promovida. São lares, onde homens e mulheres surgem como contadores de narrativas, como cidadãos inclusos, como atores vivos da história. São espaços que inspiram o turismo de base comunitária e permitem às famílias monetizarem suas economias. São moradas, cujas paredes ganham cores de outros tempos e as platibandas, em suas formas singelas, exibem a casa renovada, num diálogo harmônico com tempos e geografias que atravessam o mar até alcançarem o Norte da África. Implementada na região do Araripe, no Nordeste do Brasil, a ideia, gerada na Fundação Casa Grande Memorial Homem do Kariri. Esta preservação, vivificação e transmissão das expressões artísticas populares de modo autêntico e participado e sua mobilização para um processo inovador de sustentabilidade e desenvolvimento dos povos está hoje suficientemente experimentada para poder ganhar o mundo, ao serviço da cultura e das artes populares, da qualidade de vida dos indivíduos e do reforço identitário das comunidades.