Ponto de Memória Quilombo Lemos

O Quilombo Lemos recebeu a certificação da Fundação Palmares em 12 de novembro de 2018, a partir do processo interno de criação de um coletivo de memória do Quilombo Lemos para fazer um inventário participativo que teve início em 01 de setembro de 2018, em parceria com a NEGA - Núcleo de Estudos em Geografia e Ambiente da UFRGS, a Faculdade de Museologia, através do Núcleo de Memória Social, a Frente Quilombola RS, organização do movimento social de apoio as comunidades quilombolas do Rio Grande do Sul, Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo, Quilombo dos Machado, Quilombo Flores e Quilombo da Família Silva. Todos os esforços para que o coletivo conseguisse inventariar a maior quantidade possível de informações para registro e documentação que embasasse o pedido de Certificação para a Fundação Cultural Palmares, com o objetivo de reconhecer a comunidade nos seus direitos e exigir do Estado brasileiro o devido reconhecimento legal. O Quilombo Lemos, estava ameaçado de despejo pela justiça e essas medidas contribuíram muito para a defesa jurídica da comunidade no âmbito do judiciário. A necessidade de produção de documentos comprobatórios da descendência quilombola da Família Lemos, foi parte essencial na luta pelo reconhecimento e isso passa pelo articulação comunitária orientadas pelas políticas públicas adotadas pelo IBRAM - Instituto Brasileiro de Museus, no que tange a os Pontos de Memória. Neste sentido, foram promovidos mais de 40 eventos culturais nesses 5 anos de existência do coletivo do Ponto de memória, para além do inventário participativo, foi criado o conselho gestor, realizado trabalho de pesquisa em parceria com o NEGA e MUSEOLOGIA da UFRGS para a elaboração do Atlas da Presença Quilombola em Porto Alegre, que contou com a participação ativa do Quilombo Lemos. Além disso, o projeto da criação de uma Biblioteca Quilombola, denominado de Quilomboteca Délzia Lemos, em homenagem a matriarca do Quilombo, ajuda a desenvolver nas crianças do Quilombo, o exercício da memória e sua importância na formação da identidade do povo quilombola. Promovemos lançamentos de livros com roda de conversa com os autores, eventos culturais artísticos, como o Samba no Quilombo, com oferecimento de palestras e comidas típicas dos quilombolas. Em parceria com a Frente Quilombola RS e outros Quilombos Urbanos, estamos desenvolvendo o Projeto Museu Quilombola RS, com a digitalização do acervo e com a criação de exposições virtuais sobre a memória de luta dos quilombos urbanos. O Ponto de Memória Quilombo Lemos também participa do conselho gestor da Assembléia dos Povos, encontro que reúne comunidades indígenas e quilombolas de Porto Alegre, tendo sediado uma das Assembléias em 20 de outubro de 2018. O coletivo está neste momento dedicado as ações de registro dos acervos históricos e de memória para a elaboração do RTID - Relatório Técnico de Identificação e Demarcação do território através do Projeto Universidade Livre Quilombola, desenvolvido em Parceria com a NEGA/UFRGS e com a Faculdade de Museologia da UFRGS, onde está sendo criado um banco de história oral que servirá como registro documental das referências de memória da comunidade para elaboração do relatório que será apreciado pelo INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, órgão responsável pela demarcação e titulação do território. Neste sentido, a atuação do coletivo Ponto de Memória Quilombo Lemos, está sendo crucial para o processo de reconhecimento público e uma ferramenta importante na luta pelos direitos sociais dos quilombolas da Família Lemos.