Ponto de Memória Kaingang

O começo do histórico de atuação foi com a elaboração do filme documentário “Eg In: nossa casa”. As 1.400 cópias do filme, reproduzidas em DVDs, foram distribuídas entre a comunidade, outras terras indígenas da região, espaços educacionais e de memória (escolas, museus, etc.) em encontros acadêmicos e institucionais. O filme estreou no dia 29 de junho de 2016 dentro do evento “Seminário sobre Cultura Indígena e Patrimônios Museológicos” promovido pelo Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss. Além da presença da equipe do projeto (indígenas e não-índios), o evento contou com um público diversificado, composto principalmente por alunos da rede pública de Londrina, professores, universitários, representantes da prefeitura do município de Londrina, o procurador federal do Ministério Público de Londrina, representantes do Programa Venh Kar. Essa primeira produção foi marcada por dois aspectos inéditos: trata-se da primeira criação audiovisual por parte de indígenas da Comunidade Apucaraninha e também por seu processo de co-criação, em que os indígenas não foram apenas filmados por terceiros (não pertencentes à sua comunidade), mas exerceram papel ativo, técnico e criativo. Praticamente todas as filmagens foram realizadas pelos indígenas, com a colaboração de não-indígenas na produção do projeto e a edição do filme. Os roteiros de filmagem surgiram dos encontros, marcados pela reflexão e discussão coletiva. No início do projeto os indígenas convidados para participar das oficinas de filmagem relatavam o incômodo com outras filmagens que já haviam sido realizadas na aldeia por pesquisadores ou instituições, as quais não haviam sido apropriadas pelos indígenas e cuja finalidade aparecia em seus discursos como algo incompreendido e distante. A partir dessa visibilidade, em 2016, a direção do Museu Histórico de Londrina convidou a equipe indígena e não indígena do CMCK a colaborar na reconstrução da exposição permanente do museu com o objetivo de incluir a história dos índios na exposição, contada por eles. Esta parceria com o Museu Histórico de Londrina resultou em vários encontros, realizados durante o ano de 2017, para elaboração da exposição museológica dessa memória. A convite da equipe do CMCK alguns anciões da comunidade se juntaram ao grupo para ajudar a discutir a composição do espaço e também na identificação de fotos da comunidade do Apucaraninha que faziam parte do acervo do museu, mas que não estavam catalogadas. Essa discussão resultou em uma planta baixa e perspectivas projetadas por equipe técnica do museu para a modificação da antessala que abre a ala de exposição permanente da instituição. Além disso, a equipe tem recebido convites de outras terras indígenas para compartilharem sua experiência de produção audiovisual, inclusive para ajudarem a “montar” uma equipe de filmagem em outras comunidades. De 2020 pra cá o coletivo CMCK segue unido para a captação de recursos para a continuidade de suas atividades, realizam bate-papos, cineclube, palestras sobre o seu trabalho de registro da memória de seu povo. Esse trabalho é também visto nas mídias sociais, outro espaço importante da luta indígena e da valorização de sua identidade cultural. Destaques da atuação: Organização e realização de cineclube e rodas de contação de histórias na Terra Indígena Apucaraninha. • Organização e realização de visitas guiadas de escolas, pesquisadores e visitantes individuais à Terra Indígena Apucaraninha. • Participação no 19°Festival Kinoarte de Cinema de Londrina para exibição de um curta-metragem produzido pela equipe. • Participação do 7° Encontro de Contadores de Histórias de Londrina – ECOH. • Parceria com o departamento de Arquitetura da UEL para elaboração de projeto do espaço físico para o Centro de Memória. • Criação de 7 curtas-metragens com patrocínio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná (PROFICE) • Mostras culturais com patrocínio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná (PROFICE) que foram realizadas na Terra Indígena. Essas Mostras foram abertas a comunidade não-indígena, receberam grupos de pesquisadores e curiosos, grupos escolares e fortaleceu o calendário cultural da comunidade, como a Festa do dia do Índio, Festa do Emi, Festa do Pari. Uma última foi realizada no Museu Histórico de Londrina. O coletivo realizou várias visitas guiadas de não-índios pesquisadores, professores e educandos à Terra Indígena Apucaraninha. A ação chama-se “porteiras abertas do CMCK” e ocorria uma vez ao mês. • Elaboração de um catálogo museal para essas visitas guiadas e um livro de histórias dessa comunidade, organizando de forma inédita relatos sobre a alimentação, música, cosmologia e sobre fatos históricos da comunidade Kaingang da Terra Indígena Apucaraninha e do norte do Paraná. • Produção do livro "Karym inh ki Kanhgag ag jygre kame" (Os Kaingang do Apucaraninha e suas histórias).