Marujos Pataxó

O nosso coletivo ( Marujos Pataxó) realiza diversas ações culturais para preservar, reconhecer, divulgar e promover o samba indígena e o grupo musical "Marujos Pataxó". Consequentemente essas ações irão fortalecer o turismo, valorizar os saberes e a cultura local, gerar inclusão social, ajudar na comercialização, no escoamento da produção. Muitas vezes, a contribuição dos povos originários para o que consideramos brasileiro é invisibilizada. Isso ocorre na vida pública, na língua, nos costumes, na culinária, na medicina, na arte e na música. Marujos Pataxó é um projeto para suprir uma lacuna na história da MPB: o samba indígena. Já reconhecido como patrimônio histórico do município de Porto Seguro ( isso foi uma conquista do grupo musical Marujos Pataxó) o grupo tem como objetivo obter esse reconhecimento em nível nacional e assim perpetuar as tradições para as próximas gerações. Presentes na formação do gênero no sul da Bahia, as tradições percussivas e rítmicas seguem preservadas na Aldeia Mãe Barra Velha, no território Pataxó, onde o samba é um ritual sagrado no qual os indígenas expressam sua fé e cultura com originalidade, passando de geração em geração através de músicas que retratam a natureza e a vida no campo. Essa é a Aldeia Mãe do Brasil, pois é o território que conta com o Parque Nacional do Monte Pascoal. Além disso está muito perto de onde aconteceu o primeiro desembarque em 1500, foi o primeiro aldeamento do Brasil e consta com 523 anos de resistência. Enfrentou episódios como o trágico massacre ocorrido em 1951, que ocasionou em uma diáspora do povo Pataxó por diversos pontos do país, que ainda enxergam a Aldeia Mãe Barra Velha como parte de suas raízes. O grupo Musical Marujos Pataxó surgiu após o massacre de 1951, quando os Pataxó começaram a retornar para sua Aldeia e muito antes disso, o samba indígena já era um instrumento de luta e resistência aonde os antigos celebravam a fé, a união, a resistência e encontravam forças para seguirem vivos. O grupo já passou por várias formações através das gerações e até hoje é um retrato da resiliência e da força da cultura do povo Pataxó que segue firme apesar de massacres, dores e de mais de quinhentos anos de invasões sofridas. O preconceito é uma forma constante e invisível de repressão, experimentada por muitos, mas debatida por poucos. A repressão ativa e violenta em Barra Velha inclui a queima de casas, invasão de terras e até assassinato de indígenas. Permanecer nas terras e manifestar o samba indigena de raiz, apesar de décadas de repressão cultural, é um ato de resistência em nome das gerações passadas e futuras. Por isso, o resgate cultural que ocorre por meio da valorização da identidade indígena é tão importante. Com apoio do Natura Musical, o Marujos Pataxó lançará este ano um álbum com produção musical de Lenis Rino (Fernanda Takai, Matheus Aleluia, Tatá Aeroplano, Palavra Cantada) e masterização de Tejo Damasceno (BNegão e os Seletores de Frequência, Sabotage, Instituto), um documentário que apresenta a história do grupo, do gênero musical e do próprio povo Pataxó, um clipe, um remix assinado pelo Tropkillaz, oficinas de música e samba indigena para as crianças e feiras culturais mensais para trazer atenção para a arte dos povos originários. Haverá o Festival Itinerante de Samba indígena e Cultura Pataxó por diversas localidades e com atrações selecionadas. Já na própria Aldeia Mãe haverão eventos mensais onde serão apresentadas performances do samba de raiz, degustação da culinária medicinal, feira agroecológica com legumes e verduras produzidos na região, produtos extrativistas artesanais, feira de artesanato, pinturas corporais, ervas medicinais e outras atrações. O projeto visa reconhecer a influência indígena na criação do samba brasileiro, promovendo o samba indígena de raiz com os Marujos Pataxó. Além de fortalecer e divulgar essa forma musical única, busca melhorar a qualidade de vida na Aldeia através da arte, gerando emprego, renda e preservando a cultura tradicional Pataxó. A marujada indígena se apresenta para o país todo compartilhando a memória, a luta e a cultura dos ancestrais de forma sustentável e global. Em 2021 lançaram um filme ( Sambadores e sambadeiras da Aldeia Mãe Raiz Indígena do samba Brasileiro disponível no YouTube no perfil dos Marujos Pataxó) , o grupo fez também uma live com as músicas ancestrais deste samba único, em 2022 lançaram um documentário no perfil do Instagram @marujospataxo : O Pau do Braz em homenagem ao índio mais velho da tribo Antônio Braz que faleceu aos 107 anos e desde 2020 faz um resgate de letras do samba indigena que estavam sendo esquecidas, resgatando costumes como o lava pé de São Pedro e outras músicas. Fazendo um trabalho de pesquisa, reunindo fotos antigas, transcrevendo letras de músicas do samba indigena que são passadas de geração para geração e atualmente estamos fazendo oficinas de música e samba indigena para as crianças da Aldeia Mãe , ensinando para as crianças as letras do samba, ensinando à tocar os instrumentos e incentivando a nova geração à dar continuidade às sagradas tradições.