Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Comunidade Quilombola dos Arturos de Contagem

A IRMANDADE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DOS ARTUROS DE CONTAGEM, tem seu primeiro Estatuto datado de 1868. Autoconhecida como quilombola pela Fundação Cultural Palmares, em certidão expedida em 24 de novembro de 2004 e registrada no Livro de Cadastro Geral nº 002, Registro nº 114. Desde 2014, tem o Registro de Patrimônio Cultural Imaterial na categoria de Lugares pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais e a Prefeitura Municipal de Contagem. Destaca-se que como reconhecido patrimônio imaterial, cabe também a intervenção e participação do IEPHA na perspectiva da garantia e da proteção. Em 2021, a Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria da Diversidade Cultural, reconheceu a Entidade Ponto de Cultura Carmelinda Maria da Silva - Quilombo dos Arturos, como Ponto de Cultura, a partir dos critérios estabelecidos na Lei Cultura Viva (13.018/2014). Está registrada, desde a sua origem, em diversos documentos da Cúria Metropolitana, do Arquivo Público Mineiro e em vários livros editados, conforme segue referencias em anexo. Esta Irmandade representa juridicamente os herdeiros de Arthur Camilo Silvério e de Carmelinda Maria da Silva, elos primeiros da Comunidade dos Arturos, que hoje somam cerca de seiscentos familiares. O grupo que envolve todas gerações preserva e atualiza importantes tradições da cultura negra brasileira, como culinária típica, a dança do Batuque, a Festa do João do Mato da Capina, a Folia de Reis e, sobretudo, a celebração do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, o Congado e ainda os trabalhos e conhecimentos das plantas e ervas medicinais. Por ser considerada uma das mais importantes comunidades congadeiras de Minas e do país, tornou a comunidade mais amplamente conhecida, nacional e internacionalmente, aumentando o interesse por suas manifestações e, consequentemente, o número de visitas à Comunidade por parte de um público externo, não apenas durante as festas, como ao longo de todo o ano. Essa categoria de visitantes compreende pesquisadores, jornalistas, autoridades políticas, estudantes, grupos religiosos, artistas, fotógrafos, turistas, etc. A maior afluência de pessoas à comunidade, além do crescimento expressivo da família ao longo das gerações, e do conjunto de transformações sociais por que passa o grupo em suas interações com a sociedade envolvente, vêm modificando as características internas do grupo, que hoje se vale não apenas dos mecanismos inerentes à oralidade e à vivência em seus processos de transmissão de conhecimentos dos mais velhos às novas gerações, como recorre a outros suportes de registro e de divulgação de suas tradições, grande parte gerada a partir dos projetos realizados na Comunidade e às atividades promovidas pela Irmandade, em parceria com diversas entidades e instituições que busca a valorização do protagonismo, a da cultura e do respeito a diversidade. A Comunidade Quilombola dos Arturos revela a beleza das tradições africanas, por meio de ritos, crenças, valores, hábitos, música e danças que guardam a pureza de suas raízes. Mantém viva a cultura negra, recebida dos ancestrais e conservada na experiência do sagrado, por meio das festas religiosas. As relações familiares, de vizinhança e posse coletiva da terra, também são mantidas vivas pela tradição, que são passadas de geração em geração, sendo os nossos idosos os grandes responsáveis e detentores de saberes que exercem a importante função de salvaguardar e difundir as tradições. Nas festas religiosas, na devoção à Nossa Senhora do Rosário e demais santos negros (São Benedito e Santa Efigênia), os Arturos buscam a força para superar os desafios da vida cotidiana. Além da fé, as expressões culturais também estão presentes nos sons e ritmos do Batuque, na Folia de Reis, no Candombe, no Reinado, na Festa da Abolição e de João do Mato. O reconhecimento da Comunidade dos Arturos como patrimônio imaterial de Minas e do Brasil, só reforça a importância da cultura negra, tradições essas que relembram a luta do povo africano. O Brasil tem uma grande dívida social com os negros. Foi a força do povo africano, junto com suas tradições, religiosidade e cultura, que ajudaram a construir o nosso país. A fé e religiosidade transformadas em festa, foram as formas encontradas pelos Arturos para superar a marca do sofrimento vivido pelos seus antepassados.