Informações
Tipo de Entidade
Entidade Cultural
Natureza Jurídica
Organização não governamental
Breve história sobre o Ponto de Memória
O Ilê Omolu Oxum foi fundado em 06 de Julho de 1968, por Mãe Meninazinha de Oxum, que se mantém à frente desta família de axé há 55 anos. Ela se tornou uma liderança religiosa pioneira ao levar assuntos de Direitos Humanos, racismo, violência doméstica e familiar, prevenção às IST e aids, homofobia e lesbofobia para dentro do terreiro. Ela transformou o seu terreiro em um espaço de transformação social e resistência. A organização mantém uma posição de protagonista em seu trabalho, com participação efetiva na fundação da Renafro, Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras Saúde, criada em março de 2003, no II Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, em São Luis, no Maranhão. A Renafro é uma instância de articulação da sociedade civil, que envolve adeptos da tradição religiosa afro-brasileira, gestores e profissionais de saúde, integrantes de organizações não-governamentais, pesquisadores e lideranças do movimento negro. Além disso, participa ativamente em comissões, conferências e congressos nacionais e internacionais, em sua luta contra o racismo e a intolerância religiosa. Atualmente faz parte do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, no Rio de Janeiro e até antes da pandemia, vinha apresentando palestras em todo o território nacional sobre racismo, intolerância religiosa e empoderamento da mulher negra. Dentre as diversas ações do Ilê Omolu Oxum, destacamos a criação do Museu Memorial Iyá Davina, em 1997, e que hoje conta com uma exposição permanente que remonta a história do candomblé no Rio de Janeiro, por meio de uma rara coleção de objetos sagrados, de uso rotineiro, documentos e fotografias históricas. Recentemente, o museu lançou na plataforma digital Google Arts and Culture uma exposição fotográfica com os registros das vivências do terreiro, realizadas durante o período de isolamento social por conta da pandemia de covid-19. Está em fase de produção a exposição com o acervo do Museu Memorial Iyá Davina, a partir dos ensaios fotográficos produzidos cuidadosamente para a sua divulgação e maior acessibilidade.
Público-alvo das ações promovidas
O Ilê Omolu Oxum acredita que toda informação relevante sobre os direitos da população afro-brasileira precisa encontrar ressonância junto às mais diversas camadas da sociedade, para que seja compreendida, valorizada e respeitada. As atividades realizadas pelo Ilê Omolu Oxum contribuem para esta socialização, atraindo um amplo público composto por indivíduos das comunidades afro-brasileiras, alunos do ensino médio e superior, professores, moradores da localidade e da cidade, turistas e outros interessados. O Ilê Omolu Oxum aposta na democratização do conhecimento como uma forma de inclusão social e por isso acredita que suas atividades devam ser gratuitas e acessíveis a todo e qualquer interessado.
Breve descrição do Acervo
O Museu Memorial Iyá Davina foi criado por Mãe Meninazinha de Oxum, em 1997, em homenagem à matriarca Iyá Davina. O museu reúne um acervo de objetos sagrados e de uso rotineiro, fotografias e documentos guardados pela matriarca e configura-se também como uma importante coleção etnográfica para pesquisa e preservação da memória dos povos de matriz africana. Reconhecido como o primeiro museu memorial do gênero no estado do Rio de Janeiro, o Museu Memorial Iyá Davina possui um acervo com mais de 150 itens inventariados e recebe, desde então, a atenção das comunidades tradicionais afrobrasileiras das mais variadas partes do país, além de estudantes, pesquisadores e turistas. A instituição museológica é registrada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e se apresenta como uma das únicas opções de museus no município de São João de Meriti. Mãe Meninazinha de Oxum revela que este legado faz parte da história e precisa ser tratado com todo o respeito que merece. ''Ao longo dos anos, procurei seguir os passos de minha avó materna e também minha mãe de santo, para preservar o nosso patrimônio. Eu queria um espaço para contar a nossa história: um museu de memórias e de preservação deste acervo. Um objeto em especial me despertou para esta idéia, o banquinho de madeira da minha avó'', relembra Mãe Meninazinha. A partir daquele objeto, comecei a reunir os outros e percebi que tínhamos uma coleção importante. Ela conta, também, que criar um museu como este não foi tarefa fácil. ''Na época, parecia maluquice ter um museu num terreiro, mas conseguimos o fato inédito de criar, ainda nos anos 90, um museu dedicado a abrigar uma parte da memória do candomblé a partir da trajetória da nossa família de axé'', conclui a Iyalorixá, que é a principal liderança do movimento que após longa mobilização da comunidade afrobrasileira, conseguiu a transferência da primeira coleção etnográfica tombada pelo Iphan, em 1937, de objetos sagrados das religiões de matriz africana, da Polícia Civil para o Museu da República. A curadoria é assinada por Marco Antonio Teobaldo, que atenta para a relevância dos artigos já que, além de revelarem suas trajetórias, permitem manter viva a biografia daqueles que os utilizaram. ''A partir deste acervo inicial guardado ao longo dos anos por Iyá Davina e, posteriormente, com outros itens agregados por Mãe Meninazinha de Oxum, conseguimos construir uma narrativa sobre uma parte do candomblé da Bahia que se deslocou para o Rio de Janeiro no começo do século passado, a organização dos primeiros terreiros e rodas de samba na Região Portuária, o deslocamento dos povos de terreiro para a Baixada Fluminense e a formação destes núcleos de resistência. É importante destacar a ação visionária de Mãe Meninazinha de Oxum quando fundou o Museu Memorial em homenagem à sua avó biológica, tornando-se referência para outros terreiros, que despertaram para a importância da história que podem contar estes objetos. Atualmente, existe uma infinidade de iniciativas similares, em todo o Brasil, que evitam o apagamento da memória do povo de terreiro e contribuem para que estas histórias não sejam contadas de forma distorcida por outras pessoas'', enfatiza Teobaldo.
O Ponto já realizou o Inventário Participativo?
Sim
O Ponto possui Acervo?
Sim
Acervo
Catálogos, livros e outras encadernações impressas | Documentos | Documentos escritos | Documentos Imagéticos (Fotografias, mapas, etc..) | Objetos
O Acervo já foi inventariado?
Sim
O ponto possui acervos digitais?
Sim
Relação com a comunidade de referência
O Ilê Omolu Oxum - Museu Memorial Iyá Davina trabalha majoritariamente com a comunidade do terreiro, que é formada pelos residentes de seu entorno e também, por outros indivíduos que são acolhidos de outras regiões. Historicamente, os terreiros de candomblé se estruturam em organizações comunitárias, nas quais prevalecem a dinâmica social do acolhimento e escuta. Podemos relatar o exemplo recente, ocorrido durante a pandemia, quando a maioria dos museus estavam de portas fechadas para os seus visitantes, enquanto o Ilê Omolu Oxum - Museu Memorial Iyá Davina recebeu centenas de pessoas vítimas da fome, da violência doméstica e familiar e do racismo religioso. Cadastramos 200 famílias de nossa comunidade que estavam passando por sérias questões de segurança alimentar e distribuímos mensalmente 200 tickets-alimentação para que comprassem artigos de sua necessidade e assim, movimentassem a economia local. Neste período pós-pandemia, o Ilê Omolu Oxum continua acolhendo as pessoas que estão enfrentando as violações criminosas de direitos e situações de racismo religioso, que afetam diretamente a saúde mental das vítimas. Identificamos também casos de seqüelas da covid-19, que maltratam a nossa comunidade das mais diversas formas.
O ponto possui sede própria?
Sim
O espaço da sede é aberto ao público?
Sim
Já foi contemplado em algum edital do IBRAM?
Não
Contemplado em outros editais públicos ou privados?
Sim
Contemplado em quais outros editais?
Lei Aldir Blanc (Secretaria de Cultura e Economia Criativa do RJ e Secretaria de Cultura de São João de Meriti RJ); UNFPA; Race and Equality; Fundo Elas; Fundo Brasil.
Os integrantes participaram de ação do IBRAM?
Não
Participaram de capacitação de outra instituição?
Sim
Qual capacitação?
Mestrado em Curadoria, pela Universidad Ramón Llull, em Barcelona, Espanha.
Data da capacitação
02/02/2009
O ponto promove atividades regulares?
Sim
Quais atividades?
Visitações públicas Visitações mediadas Celebrações públicas Celebrações litúrgicas Seminários, encontros Oficinas
A entidade promove ações de Capacitação?
Sim
Quais ações de Capacitação?
Oficinas de cânticos em iorubá, toques de atabaques, dança, culinária de terreiro, confecção de indumentárias e vestuários afro-brasileiro.
O ponto promove eventos abertos ao público?
Sim
Quais eventos?
Todos os nossos eventos sócio-culturais são gratuitos e abertos ao público, com ampla divulgação em nossas redes sociais.
O ponto faz parte de alguma Rede?
Sim
Qual Rede?
Renafro e Remus.
O ponto possui parcerias com poder público?
Sim
Quais parcerias com poder público?
Ministério Público Federal Defensoria Pública da União Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro Ibram - Museu da República Uni-Rio
O ponto possui parcerias com instituições privadas?
Sim
Quais parcerias com instituições privadas?
Universidade Columbia Coalizão Negra por Direitos Criola
O Ponto tem participação ativa em conselhos?
Sim
Quais conselhos?
Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher RJ
Localização
Estado
Endereço da Sede
Rua General Olímpio da Fonseca, 380 - S. João Meriti (RJ)