Informações
Tipo de Entidade
Entidade Cultural
Natureza Jurídica
Associação sem fins lucrativos
Público-alvo das ações promovidas
Ao chegarem à Europa Ocidental, por volta do século X, antepassados dos ciganos contavam a mesma história: que vinham do "Pequeno Egito", uma região da Grécia confundida com o Egito na África. Assim, passaram a ser nomeados em diversas línguas com base nesta narrativa: gypsy (inglês), gitano (espanhol), ou gitan (francês). "Alguns grupos se apresentaram também como gregos e/ou atsinganos" pelo que "ficaram conhecidos também como grecianos (espanhol), tsiganes (francês), ciganos (português) e zingaros (italiano)" (Moonen, 2011). Há outras denominações: na Holanda e na Alemanha eram chamados "heiden", que pode ser traduzido por "pagão"; e na Fraça de Boémiens, romanichel ou manouches, o primeiro ligado à Boêmia e os outros dois derivados da língua cigana. "Esses termos são denominações genéricas que os europeus deram a estes exóticos imigrantes, mas não consta como os ciganos de então se auto-identificavam" (Moonen, 2011, p. 9 e 10). Podemos encontrar uma heterogeneidade imensa no universo cigano, tanto etnicamente, quanto socialmente ou em termos de densidade populacional e graus de exclusão/integração social. Entre as diferentes etnias e grupos ciganos a construção de suas identidades e culturas, não seguem um processo homogêneo. Não há uma essência cultural cigana única, mas sim múltiplas identidades, com distintos grupos, subgrupos, que variam conforme a região e o país onde se movimentam, sendo que costumam se auto-idenficar de três formas: 1) Os ROM, ou Roma, que falam a língua romani; são divididos em vários sub-grupos (sic), com denominações próprias, como os Kalderash, Matchuaia, Lovara, Curara etc.; são predominantes nos países balcânicos, mas a partir do Século XIX migraram também para outros países europeus e para as Américas; (2) os SINTI, que falam a língua sintó e são mais encontrados na Alemanha, Itália e França, onde também são chamados Manouch; (3) os CALON, KALON ou KALÉ, que falam a língua caló, os “ciganos ibéricos”, que vivem principalmente em Portugal e na Espanha, onde são mais conhecidos como Gitanos, mas que no decorrer dos tempos se espalharam também por outros países da Europa e foram deportados ou migraram inclusive para a América do Sul (Moonen, 2000, p. 05 e 06). Kalon, na língua romanon-chibe, é a palavra utilizada para nomear todas as pessoas “ciganas”, independente de qual etnia. Da mesma forma, a palavra Rom é utilizada para nomear todas as etnias ciganas nos dialetos dos grupos Rom; e a palavra Sinti ou manush para nomear todos os ciganos no dialeto Sintó. Porém, essas palavras também têm significados diferentes em cada língua. No romanon-chibe, Rom significa “homem” e “kalon” no dialeto Rom significa “preto”. Por outro lado, Manush no dialeto Romanon-chibe é a palavra para significar cavalo. Vale observar que os grupos Kalon se ligam culturalmente ao manuseio e as andaças de tropas de equinos, mas principalmente, os cavalos. Já os subgrupos Rom, se ligam a doma de outros bichos ou então as suas profissões, como os Kalderash, que trabalham o cobre e metais; os Lovari, que trabalhavam com lobos, os ursari, com ursos... Segundo Silva Júnior (2018), a palavra “cigano” foi criada pela sociedade majoritária de maneira a homogeneizar diferentes etnias sob uma mesma nomenclatura. Historicamente, este nome, em várias línguas europeias (gypsy no inglês, ou gitano no espanhol, por exemplo) foi carregado de estereótipos e uma carga semântica muito negativa. O que motivou o movimento cigano europeu a propor uma mudança nos termos nomeadores para tais grupos, substituindo-se a palavra "cigano" e seus equivalentes nas línguas europeias pelo termo "Rom", “Romá” ou "Romani", como nova auto-denominação, menos carregada de estereótipos (idem). Mas esta nova terminologia não está isenta de conflitos, na medida em que é questionada especialmente pelos Kalon e pelos Sinti, que não se sentem representados nesse termo, que diz respeito a forma com que grupos e subgrupos da etnia Rom se autonomeiam, um fato que demonstra como a identidade só pode ser compreendida como um processo negociado e político de diferenciação. Ainda que haja uma tendência para nomear a todas as etnias ciganas de Rom ou Romá, inclusive com indicação da ONU para tal; não podemos classifica-las desta forma. A palavra Romani tanto é um patronímico de “Romá” ou de cigano, como é utilizada para nomear a língua dos grupos Rom. Se seguíssemos ao pé da letra, não poderia ser utilizada para classificar a todas as etnias ciganas, mas por uma questão de fluidez aqui nesse texto, romani aparece como sinônimo do termo “ciganos” e para indicar a todos os ciganos, sejam eles Rom, Sinti ou Kalon. Por outro lado, o sistema de organização sócio-cultural, que é bastante rico e complexo, composto de inúmeros elementos. São os modos de viver e estar-no-mundo e de gerir a vida, símbolos, mitos e rituais, que se configuram como (de)marcadores culturais, que estão mais aparentes e são mais flexíveis, sujeitos à mudança e às hibridações, pelo que também costumam ser mais heterogêneos. Os demarcadores simbólicos permitem a existência dos sistemas de diferenciação e identificação e são o corpo desta concepção filosófica e deste estilo de vida, mais maleáveis e móveis. Silva Júnior (2018) elenca alguns destes pontos fundamentais do sistema de organização social kalon: a) a organização sócio-cultural com base na família e o respeito a todos os papéis consanguíneos ou por aliança (pai, mãe, filho, avô, tio, sobrinho, genro, cunhada, sogros, primos, bisavôs, concunhados, noivos, padrinhos, afilhados, etc), costumes, tradições, rituais e mitologias nela envolto, incluindo aí aqueles que considero como rituais mais marcantes da vida: o nascimento, o casamento e a morte; b) uma organização sócio-política que se estrutura hierarquicamente pela idade, onde os mais velhos, os chamados tios e tias de honra, de respeito, de valor e de vergonha, costumam ser as autoridades máximas de fonte e aplicabilidade da filosofia e dos sistemas de ação e de organização social da kalonidade e das leis de aconselhamento e apaziguamento, mas também do namoro e do casamento; c) uma estética do mundo rural, expresso nas músicas sertanejas e no estilo de vida, como os trajes dos kalons brasileiros, que inclui acessórios com dentes de ouro, muitas cores, botas e chapéus para os homens; e vestidos e saias longos, rodadas, com estampas coloridas, babados e rendas; ou ainda o cavalo e as tropas no nomadismo como símbolo cultural; d) o trabalho tradicional na gambira, que inclui trocas de bens de todos os tipos e espécies, mas preferencialmente equinos, bovinos, carros, motos e eletrodomésticos, objetos de segunda mão de uma forma em geral; e) o respeito ao sentimento e a intensidade do viver o hoje: paixão, amor, emoção e dor, sofrimento, alegria, afeto, o amor e a solidariedade, como elementos constantes, vividos no dia-a-dia, no presente, onde o ser humano é mais importante do que os bens materiais e financeiros; f) as línguas ciganas utilizadas como o principal identificador de outro kalon e mais, como estratégia de defesa e diferenciador cultural dos não-ciganos; mas também como aquela que guarda resquícios das origens, como símbolo do modo de viver, que é lúdico, como respeito à oralidade e a possibilidade de negociar para sobreviver; de cantar para se alegrar; ou de aconselhar nos momentos de dúvidas e de desafios; ou de apaziguar nos conflituosos e caóticos; g) outros elementos como: a espiritualidade e a fé como elementos presentes muito fortemente e isso independente de religião; a comida, como elemento fundamental para o bem-estar, o viver e a saúde; o nomadismo, forçado ou não, como elemento cultural. Os primeiros antepassados da comunidade cigana mato-grossense chegaram ao Brasil há cerca de 300 anos, parte degredada de Portugal e outra de Espanha. Historicamente os grupos ciganos sempre circularam por MT, mas somente entre as décadas de 40 e 50 do século passado fixaram residência. E antes de adentrar ao Estado, passaram pela Bahia, Minas Gerais e Goiás, estados, aliás, onde mantém laços de parentesco com outras comunidades. Mais recentemente, a partir da década de 90, também expandiram fronteiras chegando aos Estados do Pará e Mato Grosso do Sul, o que torna a comunidade aparentada a cinco Estados brasileiros, que juntas somam aproximadamente 800 pessoas, pertencentes ao tronco étnico kalon. Em MT, a comunidade atualmente soma em torno de 100 famílias (300 pessoas), espalhadas por 11 municípios, mais concentradas em Tangará da Serra (80 pessoas), Cuiabá/Várzea Grande (90 pessoas), Rondonópolis (130 pessoas), Sinop (30 pessoas) e Alto Garças (20 pessoas). Levantamento da AEEC-MT indica que somando os 15 acampamentos e as 100 famílias que moram de forma fixa, o número aproximado da população romani no Estado fica entre 500 e 600 pessoas, sendo que mais da metade vive em bairros periféricos. Apesar de também sofrerem perseguições, mais intensas no passado, exclusão social e racismo; a comunidade resistiu à assimilação e mantém tradições, costumes, valores, saberes e narrativas, como a língua romanon, os rituais tradicionais de casamento, morte e nascimento ou a medicina tradicional, que é baseada na cura pelas ervas e plantas. E foi justamente para representá-las junto aos órgãos públicos, privados, no fomento à criação de políticas públicas afirmativas de reparação histórica, inclusão social e combate aos preconceitos, estereótipos e racismo contra os grupos ciganos, que a comunidade, fundou, em 2017, a Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso. A associação vem realizando ações em prol das etnias ciganas, tendo três focos principais: o diálogo e a produção científica acerca das comunidades ciganas; a realização de projetos e atividades culturais e comunicacionais que valorizem os saberes, os valores, os costumes, tradições, narrativas, cosmologias e identidades das culturas romani; e a militância política em favor de políticas de inclusão social e garantia de direitos humanos. Atualmente em Mato Grosso existem mais de mil pessoas ciganas, espalhadas por cerca de 15 municípios, mas concentrados em três: Tangará da Serra, Cuiabá e Rondonópolis, somando em torno de 300 pessoas só nessas cidades. A AEEC-MT atende diretamente a essas 300, além de outras 100 espalhadas por municípios como Sinop, Guiratinga e Pedra Preta.
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Breve descrição do Acervo
Habilitada para atuar de forma interdisciplinar e multirreferenciada, incluindo dialogando com saberes científicos, além de execução e ações de projetos sociais em diversas áreas, como educação, saúde, direitos humanos, desde a sua fundação, a AEEC-MT tem destinado especial atenção e enfocado na valorização, reconhecimento, registro, convervação, salvaguarda e divulgação das culturas, identidades, memórias, valores, tradições, manifestações culturais, cosmologia e mitologia e outros saberes e práticas dos povos ciganos, fundamentalmente a partir do diálogo com a área cultural, especialmente o audiovisual e as artes visuais. O know-how da AEEC-MT vem especialmente de sua diretoria, que conta com pessoas ciganas que possuem uma formação diversa, rompendo com o estereótipo de que pessoas ciganas não gostam de estudar. Além de combater o racismo e o imaginário social preconceituoso acerca das pessoas ciganas, estamos atentos às questões de gênero, mantendo coordenações de mulheres e de LGBTQIAPN+. A nossa principal ação de memória é o projeto "Calon Lachon", que na língua Romanon Kalon, mais conhecida como chibe entre os ciganos brasileiros de etnia Calon, significa "Cigano bom" ou "Bom cigano", que visa o registro fílmico e fotográfico de comunidades Romani de Brasil, Portugal e França. O projeto iniciou em 2017, idealizado pelo Assessor para Ciência e Comunicação da AEEC-MT, Aluízio de Azevedo, que o iniciou durante a pesquisa de campo de doutorado (defendida na Fiocruz em 2018), quando utilizou a metodologia fílmica em sua pesquisa de campo, proporcionando um intercâmbio cultural entre a comunidade Calon do município de Tangará da Serra (MT) e a comunidade do acampamento Nova Canaã, que fica na zona rural, distrito Rota do Cavalo, Sobradinho I, em Brasília (DF). Deste intercâmbio, inclusive, nasceu a própria Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), graças a um incentivo dos dois irmãos ciganos e líderes de Nova Canaã, Jefferson da Rocha e Wanderley da Rocha, presidentes da Associação Nacional das Etnias Ciganas (Anec-DF). O trabalho passou por oito cidades brasileiras de quatro Estados: Mato Grosso, Goiás, DF e Rio de Janeiro, além de 11 cidades portuguesas e a cidade de Saintes-Maries-De-La-Mer, em França, onde se realiza todo ano, a 24 de maio, a peregrinação de Santa Sara Kali e reúne ciganos do mundo todo, especialmente de Europa. Deste trabalho e percurso desenvolvido durante 12 meses, temos mais de 100 horas de gravação e inúmeras fotos, cujo resultado primeiro se desdobrará em um curta-metragem, que está em execução por meio de um patrocínio da SECEL-MT, com o título Caminhos Ciganos, que estreará em setembro deste ano. Também como um braço do projeto Calon Lachon e já num outro trabalho de campo, realizando entre dezembro de 2020 e junho de 2021, por meio também de um patrocínio da SECEL-MT, via Lei Aldir Blanc, quando a AEEC-MT foi vencedora do edital Conexão Mestres da Cultura e a nossa benzedeira e raizeira, Maria Divina Cabral, a Diva foi reconhecida como mestra da cultura mato-grossense. Com o título "Diva e as Calins de MT: ontem, hoje e amanhã", o projeto retratou além de Diva, 35 outras mulheres ciganas, moradoras de três municípios de MT: Tangará da Serra, Rondonópolis e Cuiabá. Deste trabalho, produzimos três produtos transmidiáticos voltados para a valorização da memória e dos saberes das mulheres ciganas, a partir dos conhecimentos de medicina tradicional e outros aspectos da cultura cigana, como a língua Romanon: o I Encontro de Mulheres ciganas de MT, que ocorreu em Rondonópolis em abril de 2021 e cuja II Edição ocorrerá em Cuiabá em novembro de 2023; a Exposição Multimídia Calin, que reúne fotos e vídeos e textos e gifs; e a minissérie Diva e as Calins de MT, com cinco episodios, cada um com cinco mulheres ciganas. Neste segundo trabalho de campo, acumulou-se muito material, que somando com a primeira fase do projeto Calon Lachon, soma um acervo rico e inédito de inúmeras comunidades ciganas, composto de milhares e milhares de fotos e vídeos, cujo aspecto mais especial é justamente por este registro ter sido feito de dentro, com senbilidade e autorrepresentado. Outra ação realizada pela AEEC-MT, foi o programa de entrevistas Odova Romani, uma série experimental, desenvolvida por meio do edital Movimentar da SECEL-MT. Um programa de entrevistas para internet que contou com três episódios, realizada por toda equipe cigana, com objetivo de divulgar artistas e mestres da cultura cigana, bem como seus produtos e saberes. Além disso, a AEEC-MT possui um acervo de imagens fotográficas físicas levantadas junto a comunidade mato-grossense que soma em torno de 400 pessoas. E mantém acervos físicos, com objetos utilizados no acampamento tradicional cigano, como broacas, bisaques, tachos de cobre, objetos de couro, tralhas de arreios, etc. Também guardamos documentos antigos como cartas e leis anticiganas, pesquisadas junto ao trabalho de doutorado do assessor para ciência e comunicação da AEEC-MT e outros documentos internacionais importantes que amparam os direitos humanos dos povos ciganos.
O Ponto já realizou o Inventário Participativo?
Não
O Ponto possui Acervo?
Sim
Acervo
Catálogos, livros e outras encadernações impressas | Documentos | Documentos Imagéticos (Fotografias, mapas, etc..) | Objetos
O Acervo já foi inventariado?
Não
O ponto possui acervos digitais?
Sim
Relação com a comunidade de referência
A relação da AEEC-MT e do ponto de memória é total e umbilicalmente ligada aos povos ciganos. Estamos totalmente ligados aos povos ciganos, tendo justamente nascido pela vontade e união de comunidades romani de vários municípios mato-grossenses, como Tangará da Serra, Cuiabá e Rondonópolis. A diretoria é toda composta por pessoas ciganas, bem como suas coordenações. Tem entre seus membros algumas pessoas não-ciganas, que são casadas com pessoas ciganas e que mantém um longo convívio na comunidade cigana, inclusive aprendendo a língua e outros costumes e por isso também estão entre os membros da instituuição. Mantemos diálogo com associações de todo o Brasil, Portugal, Espanha, Argentina, Estados Unidos e Colômbia. Participamos de várias redes e grupos com lideranças ciganas brasileiras e de outros Estados. Realizamos projetos locais, regionais, estaduais, nacionais e internacionais, sempre coletivamente, com decisão e gestão compartilhadas com os principias públicos interessados, que são os três troncos étnicos ciganos: os Kalon (também pode ser escrito Calon ou Calom, na Espanha se autodenominam de Kalé), os Rom e os Sinti. Esses troncos étnicos possuem grupos e subgrupos distintos, com históricos, costumes, modos de organização social, línguas diferenciadas entre si e que precisam ser reconhecidas como diversas e plurais, por isso, a importância de sempre pensarmos no plural "povos ciganos" ou "comunidades ciganas". Além do trabalho e redes com povos ciganos, abrimos o leque de diálogo e ações parceiras com outras associações e movimentos de povos e comunidades tradicionais, a exemplo de quilombolas, indígenas, pescadores, povos de terreiro, entre outros.
O ponto possui sede própria?
Não
Já foi contemplado em algum edital do IBRAM?
Não
Contemplado em outros editais públicos ou privados?
Sim
Contemplado em quais outros editais?
Em 2021, fomos contemplados com R$ 100.000,00, vencendo o edital Conexão Mestres da Cultura da Lei Aldir Blanc da SECEL-MT, para execução do projeto Diva e as Calins de Mato Grosso: Ontem, Hoje e Amanhã. Em 2022, fomos contemplados com R$ 45.000,00 em chamada pública realizada pela Fiocruz/Brasília em parceria com a OPAS, com financimento do governo do Canadá, para execução do projeto Juventude Cigana: da Invisibilidade à Comunicação Popular em Saúde. Em 2023 fomos vencedores na categoria pessoas jurídicas do Prêmio Rodrigo Mello Franco, edição 2022, por meio do IPHAN, recebendo o valor de R$ 16.000,00 Também em 2023 temos aprovado dois projetos no edital Viver Cultura da AEEC-MT: o II Encontro de Mulheres Ciganas de MT, no valor de R$ 30.000,00 e a I oficina de Chibe: reavivando a língua Calon, também no valor de R$ 30.000,00. No projeto Move MT, a expectativa inicial é receber R$ 2.860,00 após três meses da mentoria, e caso sejamos aprovados entre os cinco projetos ao final, receber outros R$ 70.000,00, via SECEL-MT e Oi Futuro.
Os integrantes participaram de ação do IBRAM?
Não
Participaram de capacitação de outra instituição?
Sim
Qual capacitação?
curso de extensão Política, Gestão e Inovação do Patrimônio Cultural na Amazônia
Data da capacitação
08/10/2022
O ponto promove atividades regulares?
Sim
Quais atividades?
1) Advocacy em defesa dos direitos humanos, sociais, políticos, econômicos e culturais dos povos ciganos, em favor de sua inclusão social e acesso à cidadania, num trabalho perene de observação, diálogo e interlocução junto a órgãos públicos e privados. Monitoramos as mídias e possíveis discursos de ódio, anticiganismo, de forma a denunciar e combater essas ações, com notas públicas e denúncias no Ministério Público e órgãos competentes. Integramos as redes do movimento social cigano, em suas ramificações, como mulheres, juventude e LGBTQIAPN+, primando pelo combate ao machismo, à LGBTQIAPN+fobia e ao racismo. Neste trabalho entram notas públicas, participação no Comitê Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de MT e Conselho Nacional de Promoção de Igualdade Racial (CNPIR), vinculado ao Ministério da Igualdade Racial. 2) Desenvolvimento Comunitário e social: realizado por ações de assistência social, como auxílio com burocracias e acesso à documentos ou direitos como Benefício de Prestação Continuada aos idosos ciganos que não puderam contribuir. Fazemos um trabalho permanente de orientação para acesso a serviços de saúde, auxiliando no ingresso aos serviços do SUS, especialmente, em casos de enfermidades ou agravos em saúde, como cânceres, violências domésticas, alcoolismo e outras drogas. Buscamos em todas as nossas ações incluir o máximo de pessoas ciganas nas equipes contratadas, respeitando quesitos de inclusão de gênero e sexualidade, como forma de gerar renda na comunidade. Em todas as nossas atividades desenvolvidas com recursos públicos, primamos por incluir uma bolsa para ajuda de custo aos participantes, visto que em sua maioria vivem em situação de exclusão social e desigualdades. Durante a pandemia da Covid-19, atuamos fortemente na distribuição de cestas básicas e auxílio para acesso ao programa de renda Auxílio Brasil, chegando a mais de 100 pessoas cadastradas via associação. Realizamos cursos e formações, a exemplo do curso de extensão Juventude Cigana: da Invisibilidade à comunicação popular em saúde, que formou 21 jovens ciganos de todo o Brasil, para o combate às fake news em saúde e a valorização da identidade e da cultura cigana, bem como o combate de estereótipos e preconceitos e racismo estruturais e estruturantes. O curso, inédito no Brasil e atendendo jovens ciganos de 10 estados brasileiros, teve parceria da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foi realizado por meio de chamada pública da Fiocruz e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), com financiamento do governo do Canadá. 3) Elaboração e execução de projetos culturais e artísticos que valorizem, reconheçam, registrem, conservem e divulguem as culturas, identidades, manifestações culturais, memórias, saberes, tradições, modos de viver, costumes, mitologias e cosmologias, formas de organização social e modos de viver dos povos ciganos e suas diferentes etnias. Atuamos em todas as áreas, mas com foco sobretudo em ações de jornalismo comunitário, comunicação e audiovisual, artes visuais, dança e artes cênicas e culturas tradicionais ciganas, esta última nosso foco prioritário. Focamos sobretudo em saberes como a medicina tradicional, as línguas ciganas e as narrativas orais e memórias. O projeto Diva e as Calins de MT: ontem, hoje e amanhã é um dos exemplos.
A entidade promove ações de Capacitação?
Sim
Quais ações de Capacitação?
Cientes da importância da ciência, da educação e da formação para a inclusão social e o combate ao racismo e preconceitos históricos, participamos de diálogos junto à diversas instituições de ensino superior, a exemplo da Fiocruz Rio de Janeiro, do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Artes da UFMT, do projeto de mapeamento de povos e comunidades tradicionais da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), do projeto Ciganos: narrativas diaspóricas e transnacionalismo, Narrativas Diaspóricas e Transnacionalismo desenvolvido pelo Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminações (LEER) da Universidade de São Paulo (USP): http://usp.br/leer/?avada_portfolio=ciganos-narrativas-diasporicas-e-transnacionalismo&portfolioCats=4 Além disso, desenvolvemos projetos próprios como o já citado "Juventude Cigana: da invisibilidade à Comunicação popular em Saúde", que já tem pensada e planejada um segundo módulo. Outro exemplo são os Encontros de Mulheres Ciganas, que visa justamente, por meio de formações exclusivas feitas por mestres da cultura cigana para pessoas ciganas, fortalecer conhecimentos ciganos, que são transmitidos secularmente de forma oral, de geração em geral, preservando assim, a memória destes grupos. Outro exemplo é a Oficina de Chibe: Reavivando a língua Calon, que será executada em novembro deste ano, no município de Tangará da Serra, com patrocínio do edital Viver Cultura, da Secel-MT. Recentemente, fomos aprovados no programa Move MT, uma mentoria da Oi Futuro, que ocorrerá durante seis meses e temo como objetivo profissionalizar o grupo de Danças Tradição Cigana, de Rondonópolis, com a criação de um núcleo de artes cênicas, contratação e elaboração de uma coreografia inédita, bem como novo figurino, conforme pode ser acessado no link: https://oifuturo.org.br/editais/move_mt/
O ponto promove eventos abertos ao público?
Sim
Quais eventos?
O ponto, infelizmente, até hoje, mesmo depois de quase seis anos da AEEC-MT, não tem sede própria. Funcionamos a partir de doações, em casas de parentes, mas com sede em Cuiabá e filiais em Tangará da Serra e Rondonópolis. Estamos com dois projetos inscritos em editais que prevêem a contratação de uma sede, onde poderemos melhorar nossos serviços e atendimentos, inclusive, com projeto com foco nas mulheres ciganas e combate às violências sociais e domésticas, bem como o machismo/racismo, em suas intersecções.
O ponto faz parte de alguma Rede?
Sim
Qual Rede?
- Roda Cigana - Rede Humanitária (80 instituições de várias partes do Brasil) - Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA) - Rede Xarayés (povos tradicionais) - Rede Mato-grossense de Educação Ambiental (REMTEA) - Fórum mato-grossense de Cultura - Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro - Seção Mato Grosso - Fórum de Cultura de Cuiabá - Rede Brasileira de Justiça Ambiental (REAJA) - Rede de Povos e Comunidades Tradicionais de MT - Rede de jovens ciganos brasileiros - Rede com lideranças ciganas e lideranças do senado federal e MPF criada para debater o proejto de lei 248/2015, de autoria do senador Paulo Paim, que cria o Estatuto Nacional dos Povos ciganos - Rede Unidos Somos Mais Fortes do movimento cigano brasileiro - Rede de pesquisadores de estudos ciganos brasileiros (COBEC) - Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) - Rede de Comunicadores Populares da Fiocruz/Brasília
O ponto possui parcerias com poder público?
Sim
Quais parcerias com poder público?
Como já citado, possuímos várias parceiras com o poder público. Acompanhamos e acionamos diretamente o MPF quando necessário. Assim, além das ações já citadas acima, desenvolvidas com instituições de ensino superior, secretarias estaduais ou ministérios federais, a oficina da plataforma Territórios Vivos, prevista para ocorrer em setembro de 2023, no município de Rondonópolis. Também para setembro, está prevista a participação do projeto Caravana Cigana da Coordenação de Políticas de Povos Ciganos do Ministério da igualdade Racial (MIR) para conhecer algumas comunidades ciganas de MT. Outra parceria a ser executada serão três oficinas com a Unemat, por meio do projeto de mapeamento de povos tradicionais, que ocorrerão em julho de 2023, nos municípios de Tangará da Serra, Rondonópolis e Cuiabá. No momento presente, estamos concluindo a formatação de um projeto em parceria com o Laboratório de Comunicação e Saúde (LACES) da Fiocruz/Rio de Janeiro, que visa uma pesquisa intervenção na Política Nacional de Saúde Integral dos Povos Ciganos/Romani, que foi aprovado em 2018, mas ainda não saiu do papel, sem nenhum recurso público em nível federal, estadual, ou municipal envolvido.
O ponto possui parcerias com instituições privadas?
Não
O Ponto tem participação ativa em conselhos?
Sim
Quais conselhos?
Fazemos parte do Comitê Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Mato Grosso (CEPCT-MT), vinculado à Secretaria de EStado de Trabalho, Ação Social e Cidadania (SETASC-MT) desde 2020 até o momento; e do Conselho Nacional de Igualdade Racial (CNPIR), vinculado ao Ministério da Igualdade Racial (MIR), gestão 2021-2023
Localização
Estado
Endereço da Sede
Av. Argélia, 156, Apto 404c, Jd. Aclimação, Cuiabá-MT, Cep 78.050-268