Inventário Participativo de Galópolis

As primeiras ações do grupo de voluntários do Inventário Participativo de Galópolis iniciaram no final de 2019, quando entrevistas com a comunidade do bairro Galópolis (Caxias do Sul - Rio Grande do Sul) começaram a ser feitas no intuito de criar um banco de memória oral virtual aberto ao acesso e à contribuição de pessoas interessadas. O objetivo do grupo sempre foi promover a autonomia comunitária frente à gestão do patrimônio cultural industrial da localidade, valorizando a diversidade identitária e o engajamento em projetos de reflexão sobre o passado, presente e futuro de Galópolis, alcançando o desenvolvimento local por meio dos preceitos da museologia social. Deste projeto, surgiu o Podcast Memórias de Galópolis, que até o momento conta com duas temporadas temáticas, voltadas, respectivamente, às histórias de vida e à paisagem industrial da região. Visitações mediadas pelo território-rede de Galópolis também começaram a ser feitas periodicamente com a comunidade escolar, trabalhadores, moradores e ex-moradores, além de pesquisadores interessados em conhecer mais sobre a indústria têxtil e os movimentos operários. No ano de 2021, o grupo foi procurado pela Associação dos Moradores de Galópolis para auxiliar na retomada da sede do Centro Comunitário e Cultural Galópolis, localizada na edificação da antiga sede social do Círculo Operário Ismael Chaves Barcellos. A partir deste momento, concluiu-se que a temática da preservação do prédio do Centro Comunitário era apenas uma das diversas demandas pela preservação do patrimônio cultural de Galópolis e que um trabalho de identificação participativa e constante precisava ser iniciado. Assim, o Inventário Participativo de Galópolis foi formalizado, em 8 de março de 2022, quando o primeiro encontro do inventário participativo propriamente dito – metodologia de educação para o patrimônio cultural utilizada, mas que foi apropriada como propósito e nome do coletivo cultural – ocorreu, reunindo uma parcela expressiva da comunidade do bairro. Até o momento, através dos encontros semanais, voluntários e voluntárias já identificaram 247 patrimônios industriais de Galópolis, categorizados em edificações, serviços, cultura, esportes, gastronomia, paisagens naturais, religiosidade e pessoas. Destes, 4 já foram pesquisados de forma aprofundada e os resultados foram comunicados à territorialidade – inclusive o Círculo Operário Ismael Chaves Barcellos, que encontra-se em processo de tombamento e retomada pelo Centro Comunitário por conta da mobilização do coletivo. Dentre as atividades periódicas organizadas pelo Inventário destacam-se as caminhadas mediadas pelo bairro, as atividades de educação para o patrimônio feitas com as escolas e grupos de terceira idade locais, as exposições, entrevistas e podcasts, a participação e apoio aos eventos e pautas comunitárias, os relatos de experiência em cursos e atividades universitárias, as cartilhas e publicações informativas e de mobilização de forma impressa e virtual, pelas redes sociais. Alcançando a certificação de ponto de cultura, o Inventário Participativo de Galópolis alcançará a possibilidade de aprimorar sua atuação, qualificando e formando seus membros para incentivar ainda mais a gestão comunitária do patrimônio cultural.