Associação dos moradores de Caiana dos Crioulos

O histórico do Ponto de Memória Museu Quilombola está diretamente ligado a Associação dos Moradores que desde 1986 foi institucionalizada e segue trabalhando pelo reconhecimento e valorização das tradições e cultura quilombola. A associação foi fundamental no processo de reivindicação e legitimação das conquistas do povo de Caiana dos Crioulos, a partir dos encontros e reuniões - que acontecem ainda hoje com regularidade - foram levantadas as demandas e elaboradas as estratégias para a emancipação do nosso povo, que segue sendo o nosso principal objetivo. Toda essa trajetória é demonstrada, narrada, em nosso Museu Quilombola pois nossos mais novos e também os de fora, precisam conhecer para reconhecer e respeitar o povo quilombola. Podemos celebrar muitas conquistas nesses 37 anos de existência, a institucionalização da associação permitiu-nos um maior e mais intenso envolvimento da nossa comunidade, nas tomadas de decisões coletivas sobre o nosso presente mas também futuro. Em 1988 construímos uma Casa de Farinha Comunitária, de grande relevância na dinâmica de produção e conversão econômica + social, foi a primeira demanda coletiva a ser atendida. Em 2001 o sonho de uma escola municipal se tornou realidade, hoje ela leva o nome do saudoso Mestre Firmo Santino da Silva (in memoriam) que além de ser um homem de grande sabedoria, conselheiro, é também mestre da cultura popular. Ainda em 2001 nossa associação conquistou uma unidade básica de saúde da família, para cuidar da saúde e bem-estar dos nossos mais velhos, depois de anos reivindicando e lutado por esse direito. Em 2005 finalmente chega a certidão de reconhecimento como comunidade remanescente de quilombo, pela Fundação Cultural Palmares, uma luta que iniciou em 1998 pelos nossos mais velhos. Nesse momento as frentes de atuação já estavam mais organizadas e a cultura que ganhava grande destaque em nossa comunidade com a dança do coco e as cirandas, amparando nossas reivindicações e ampliando nossas vozes que ecoaram com a visibilidade de dois CDs (2003 e 2006) gravados pelas mestras cirandeiras, mestras da cultura popular de Caiana dos Crioulos: D. Edite do Coco e eu Mestra Cida - foram ganhando proporções maiores em nossas vidas e com auxílio de aliados externos, formalizamos em 2005 a fundação da Organização das Mulheres Negras de Caiana que trabalha em conjunto com a Associação, em 2015 concebemos esse importante espaço em respeito ao todo nosso patrimônio cultural histórico a fundação do nosso Museu Quilombola. A partir dele mantemos viva a memória do legado dos nossos mais velhos e fortalecemos ações que enaltecem a nossa cultura mesmo frente as persistentes tentativas de apagamento de nossos saberes. Nossos principais eventos com essa finalidade são o Dia da Consciência Negra e projeto de turismo comunitário Vivenciando Caiana.