Maracatu Leão Coroado

O Maracatu Carnavalesco Misto Leão Coroado foi fundado em 08 de dezembro de 1863 e desde então e até os dias atuais resiste e celebra a cultura de tradição de Pernambuco. Naturalmente, pela essência e por tradição, o Leão Coroado atua como precursor de cultura e educação para a população negra e de periferia por onde esteve sediado. Os registros contam que, inicialmente, no centro do Recife, depois, no bairro periférico de Água Fria e, por último, no bairro de Águas Compridas, na periferia de Olinda. A difusão e compartilhamento de saberes ancestrais e tradicionais para a perpetuação do brinquedo por si só já garantem uma atuação relevante, sendo o Leão Coroado a Nação de Maracatu com mais tempo em atividades ininterruptas. Contudo, após a titulação de Ponto de Cultura em 2005, a Nação passou a desenvolver e ofertar outros serviços à comunidade: foi instalado no Centro Africano São João Batista, terreiro de candomblé responsável pelas atividades espirituais do Leão, também em Águas Compridas, o Ponto de Cultura Maracatu Leão Coroado, que oferecia uma programação com cursos de inglês e informática, oficinas de graffiti e percussão, aulas de balé e dança afro brasileira, reforço escolar e orientação pedagógica, vivência no Maracatu Leão Coroado e intercâmbio cultural de saberes e tradições. Essas atividades ocorreram de 2006 a 2010, e com a extinção do financiamento dos pontos de cultura e dificuldade na gestão dos recursos, a maioria dessas atividades foram suspensas. Restando, até os dias atuais,as atividades que a Nação consegue realizar de forma autônoma, como as vivências na própria Nação, os intercâmbios de saberes e algumas articulações com outras frentes, como a Rede Mocambos, Rede de Mulheres de Terreiro, etc. Paralelamente às ações do ponto de cultura, o Leão Coroado desenvolve o projeto de salvaguarda dos seus saberes e tradições com o registro, catalogação e digitalização do seu acervo. Desde a passagem de Mestre Luiz de França para Mestre Afonso, havia a preocupação da conservação da história da Nação através dos itens conservados pelo tempo, indumentária, instrumentos musicais, fantasias, documentos e acervo iconográfico sempre foi parte dos móveis e decoração da Sede. Com a falta da expertise necessária para esse trabalho, muita coisa foi perdida com o tempo. Apesar disso, boa parte do acervo da Nação foi catalogada no Projeto de Salvaguarda do Maracatu Leão Coroado, realizado de 2014 a 2018, com incentivo do Funcultura e ICEI Brasil, resultando no livro "Maracatu Leão Coroado: história, cultura e tradição", no DVD Documentário "A Coroa do Leão" e no CD comemorativo de 150 anos. Com o falecimento de Mestre Afonso em 2018, outra demanda surgiu e tem sido colocada em ênfase sob cuidados de Karen Aguiar, batuqueira-regente e coordenadora administrativa do Leão: o registro audiovisual dos saberes e a digitalização do acervo contido em CDs, DVDs e Fitas Cassetes. Karen dirigiu e produziu o filme "Viva o Mestre - Afonso Aguiar", uma homenagem póstuma para seu avô que contém trechos do acervo audiovisual da Nação e tem dado andamento a outros projetos audiovisuais com o objetivo de salvaguardar os saberes e compartilhá-los para o grande público. A digitalização do acervo em conjunto com a produção audiovisual encabeçada por Karen Aguiar culminam na construção do banco de dados digital do acervo do Leão Coroado, que somado ao site institucional do Projeto Salvaguarda e toda a produção e digitalização de arquivos, mantém on-line e acessível para qualquer pessoa do mundo com conexão a internet, assim como em ponto físico, na Sede do Leão Coroado. Uma outra ação desenvolvida pelos líderes do Leão Coroado é a distribuição de alimentos e prestação de serviço comunitário de emergência. A primeira, desenvolvida em parceria com outras redes de apoio, a Nação doa anualmente em média de 350 cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social e alimentar da comunidade em que está sediada e circunvizinhas. E também atua na distribuição de refeições prontas para pessoas em situação de rua no centro do Recife e Olinda durante o ano todo. Funciona como ponto de arrecadação e armazenamento de insumos para situações de emergência como enchentes, alagamentos, deslizamentos de barreira, viabilizando a organização e entrega destes materiais aos atingidos pelos desastres. O espaço da Sede é disponibilizado para a realização de ações educativas de outros coletivos, assim como para articulações políticas, festas beneficentes em prol da comunidade e de alguma causa específica, dentre outros.