Instituto Tebas de Educação e Cultura

O Instituto Tebas de Educação e Cultura é resultado de duas mobilizações socioculturais iniciadas no primeiro semestre de 2018, promovidas pelas pessoas que o fundariam dois anos e meio depois. Primeiro propuseram ao Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) que reconhecesse Joaquim Pinto de Oliveira Tebas como um integrante da categoria, o que se realizou no dia 21 de março daquele mesmo ano. Três meses mais tarde, no dia 27 de junho, criaram a União dos Amigos da Capela dos Aflitos (UNAMCA), para defender a edificação de taipa inaugurada havia 239 anos como parte do antigo Cemitério dos Aflitos (quarteirão das ruas Galvão Bueno, dos Estudantes e da Glória, no bairro paulistano da Liberdade), que funcionou de 1775 a 1858, sendo, portanto, contemporâneo de Tebas por mais de três décadas e meia: de 1750, quando ele foi trazido a São Paulo pelo seu proprietário, até a sua morte em 1811, já como um homem livre. A estratégia adotada para articular as duas mobilizações mencionadas envolveu uma agenda de intervenções culturais iniciada já em 20 de setembro de 2018. Nesse dia, em 1821, ocorreu, em plena Praça da Liberdade, que então se chamava Largo da Forca, a execução do cabo Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, e também a de seu companheiro de batalhão, o soldado José Joaquim Cotindiba, ambos condenados à pena de morte por terem se insurgido contra a desigualdade de tratamento, pela Coroa portuguesa, entre militares lusitanos e brasileiros. Foi criado assim o Cortejo em Memória de Chaguinhas, roteiro cartográfico que vem se repetindo desde então. Já foram realizados, portanto, cinco cortejos anuais, entre 2018 e 2022. A concentração do 1º Cortejo se deu na escadaria em frente à Igreja da Boa Morte, situada na Rua do Carmo, 202, onde teve início o percurso de cerca de 500 metros, que termina sempre no Beco dos Aflitos, onde fica a Capela, passando por outros lugares de memória representativos da ancestralidade indígena e africana existente ao longo do itinerário. É o caso da própria igreja escolhida como ponto de partida do Cortejo. Inaugurada em agosto de 1810, era nela que as pessoas condenadas à forca faziam a última oração. Além disso, também é dali que parte a Marcha Noturna pela Democracia Racial, pioneira, desde 1997, na adoção da caminhada cartográfica como estratégia de mobilização da opinião pública. Produzir o documentário #Marcha Noturna: Protesto Negro em SP, veiculado na virada de 12 para 13 de maio de 2021 pelo canal Alma Preta do YouTube, foi a maneira que o Instituto Tebas de Educação e Cultura encontrou para reconhecer e celebrar esse pioneirismo. O verbete "Tebas", por sua vez, aparece no Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001) como uma palavra de origem kimbundo, língua falada pelo grupo banto, do qual faz parte a maior parte da população africana transplantada para o Brasil pelo tráfico atlântico. Já em https://www.dicio.com.br/tebas/, a etimologia do termo remete ao tupi. Essa fronteira étnico-racial levou o Instituto a realizar, em setembro de 2022, o ciclo de conversas Lugares de Memória Negro-Indígena. A partir dessa organicidade, bem como dessas duas experiências fundadoras, começa a se delinear o histórico de atuação do Instituto Tebas de Educação e Cultura, melhor detalhado no portfólio anexo.