Coletivo do Baito (casa central) da Aldeia Meruri – Boé Bororo – General Carneiro – MT

O trabalho de memória realizado pela comunidade Bóe no Baito (Casa Central) da aldeia é visualizado em vários rituais. São os mais importantes: Ritual de Nominação das Crianças (inserir a crianças no mundo Bóe, sendo esse o primeiro ritual de iniciação, algo semelhante ao batizado da religião cristã); Ritual de Maguro (pescaria coletiva); Ritual do Couro da Onça (para homenagear membro falecido da aldeia); Ritual do Mano (corrida com a planta chamada caeté, que simboliza reciprocidade); Ritual do Oroiau (cantos, realizado no Baito, realizado toda a noite e antes da pescaria); Ritual do Kuiada Paru (festa do milho, simboliza reciprocidade econômica na comunidade; Ritual Fúnebre (passagem do ente querido para a Aldeia Grande); Ritual do Jure (danças da cobra, para festejar e demonstrar alegria). O Baito é o lugar onde é feito a maioria dos rituais, é um espaço social, econômico, político e cultural. As reuniões são realizadas neste espaço, que é administrado pelos homens (casa dos homens), embora as crianças mulheres tenham acesso. No entanto, há rituais que são exclusivos para os homens. É um espaço de educação formal e de reprodução dos saberes tradicionais, podendo ser aberto ao público não indígena. Este espaço foi e é utilizado pelos professores indígenas da aldeia tanto para a educação formal, como para os ensinos tradicionais do meu povo. Sendo eu indígena e membro da comunidade e professor tive a oportunidade de ser professor na escola da minha comunidade e atualmente estou como professor na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) e tenho levado os alunos acadêmicos para aldeia para conhecerem este espaço de memória, como também, em outros lugares importantes para a nossa comunidade, como centro de cultura, escola, posto de saúde, morro, e principalmente conhecer os anciões conhecedores da nossa cultura para aprenderem sobre a cultura indígena. A Aldeia Indígena também conta com o "Museu Comunitário e Centro de Cultura Bororo de Meruri (MCBM)" que é administrado pela Missão Salesiana em conjunto com a comunidade Bóe da Aldeia de Meruri. O Museu recebe visitantes não indígenas de público escolar, pesquisadores e turistas. O Museu funciona há mais de cinco (5) anos. A comunidade utiliza em seus rituais as peças que estão expostas no museu. Ao término das práticas culturais, as peças são guardadas novamente no museu, o que torna esse espaço um local de guarda e conservação de objetos de memória úteis na manutenção da identidade do grupo.