Centro de Memória Queixadas Sebastião Silva de Souza

O CMQ, Centro de Memória Queixadas Sebastião Silva de Souza, é um arquivo colaborativo no bairro de Perus, periferia noroeste da cidade de São Paulo, cujo propósito principal é realizar a recuperação e preservação de memórias relacionadas à Fábrica de Cimento Portland Perus, aos operários da fábrica, principalmente, como o próprio nome diz, os denominados Queixadas e ao bairro de Perus. Contemplado no final do ano de 2019 com a Lei de Fomento à Cultura da Periferia de São Paulo, as ações do CMQ se iniciaram efetivamente no começo de 2020, buscando estruturar o centro de memória partindo de acervos existentes como o Arquivo Edgard Leuenroth em Campinas, o Arquivo Público do Estado de São Paulo, o Instituto Cajamar, acervos particulares entre outros. Além disso, o coletivo iniciou conversas para incorporar o arquivo permanente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Cimento, Cal e Gesso de São Paulo. Entretanto, com a pandemia covid-19, esse plano inicial teve que ser alterado, por conta das restrições ao trabalho presencial. Dessa forma, a estratégia foi priorizar e a acessar fontes disponíveis on-line, construindo, a partir delas, um acervo de referências sobre o Movimento dos Queixadas e a Fábrica de Cimento Perus, bem como de outras lutas no bairro de Perus correlacionadas ao tema sem, contudo, abandonar o arquivo físico. Dentro dessa estratégia foi criado o site institucional com acervo digital dos materiais coletados como fonte de pesquisa e forma de difusão. O CMQ estabeleceu seu acervo em três frentes: Coleções / Fundos, História Oral e Peruspédia, buscando fontes diversas, de origem pública e privada. - Coleções / Fundos: se constituem de material advindo de levantamento de doações e cópias de acervos públicos e privados. - História Oral: busca registrar as memórias dos agentes sociais do bairro de Perus, construindo um acervo que possa perpetuar no tempo os relatos da construção deste território. - Peruspédia: também busca registrar, mas o registro de referências para o território, como os espaços, personalidades, instituições, eventos, patrimônio material e imaterial, que tenham sentido para os trabalhadores e suas lutas. Para atingir seu propósito, a seguir, uma relação do que o CMQ desenvolveu e desenvolve: 1- Busca material digital: realiza busca ativa, faz análise e catalogação em planilha. Catalogação dos seguintes materiais: recortes de jornais online; documentários e materiais audiovisuais; entrevistas, blogs, canais de youtube; trabalhos acadêmicos em plataformas e bibliotecas digitais; 2- Criou identidade Visual: idealizou logotipo, ou seja, uma marca para representar o Centro de Memória Queixadas; 3- Elaborou site/acervo digital: foi dada prioridade ao desenvolvimento de um site com a criação de um banco de dados e disponibilização de acervo de forma online, devido à impossibilidade de desenvolver o acervo físico, logo no início, por conta da pandemia. Desde 2020, utiliza-se o Tainacan como repositório de acervo; 4- Realiza tratamento de conservação em acervo físico: Com a reabertura e flexibilização das políticas de combate à pandemia, o CMQ passou a receber documentos físicos de doação ou para realização de cópias, sendo todo material recolhido, à época, higienizado e processado; 5- Organizou Lives: foram realizados dois ciclos de lives, até o momento, denominadas Lives que Enfrentam Tubarão, semanalmente, quando o CMQ recebeu coletivos e pessoas com fortes vínculos com Perus e com a memória Queixada, compartilhando conhecimentos e trocando experiências e vivências sobre o território. As lives estão disponíveis no canal do CMQ, no YouTube; 6- Realiza entrevistas: desde 2020, online, e depois, presenciais, são realizadas entrevistas para a coleta de relatos dos períodos de greves da Fábrica de Cimento Perus; 7- Criou espaço físico: em 2022, foi inaugurado o Centro de Memória Queixada em sala adaptada na Biblioteca Pública Municipal Padre José de Anchieta. A iniciativa foi trabalho de cooperação entre o Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento Perus e a Biblioteca citada; 8- Executa coleta de materiais físicos: após encerramento do período pandêmico, o CMQ passou a receber documentos em formatos físicos. Desde então, foram recebidos um conjunto de aproximadamente 3000 mil fichas de trabalho de operários da Fábrica de Cimento Perus. um fundo pessoal de Sebastião Silva de Souza, in-memória, ex-operário da fábrica, com aproximadamente 1500 documentos em diversos formatos, e, por fim, um conjunto de documentos sobre o Clube de Mães de Perus, pertencentes à Maria Aparecida Soares, ativista social do bairro; 9- Elabora Plano Museológico: O CMQ foi contemplado, em 2022, com um incentivo financeiro pelo Proac, Programa Nacional de Apoio à Cultura, para realização de seu plano museológico. Neste momento, está em desenvolvimento, com previsão para finalização entre setembro e outubro de 2023, devendo orientar os trabalhos no período 2024 / 2026. O processo de elaboração do Plano Museológico possibilitou ao grupo gestor realizar uma série de formações temáticas e visitas técnicas, atreladas à temática museal; 10- Produziu exposição: o Museu da Cidade de São Paulo realizou em 2022, em parceria com o Centro de Memória Queixadas, a exposição Museu De Rua: Perus, com temática a história do bairro. O CMQ fez a curadoria da mostra, a qual, inicialmente ficou em Perus, seguindo para o centro de São Paulo, na calçada da biblioteca Mário de Andrade. Link: Reportagem sobre a exposição, Museu de Rua: Perus - Terra 11- Efetuou pesquisa: O CMQ foi responsável por pesquisa para a intervenção urbana denominada Reemplaca Memória, proposta pela Comunidade Cultural Quilombaque, realizada em 2022, cuja ideia, simbolicamente, foi renomear algumas ruas do bairro com nomes de operários Queixadas. O CMQ fez o levantamento e a pesquisa dos nomes, redigindo verbetes para serem colocados nas placas. Link: Reportagem sobre a Interveção Reemplaca (Me)moria - Nós mulheres da periferia 12- Faz difusão: Desde a sua instituição o CMQ tem como diretriz organizar ações para a difusão de seu trabalho, possibilitando mais acesso, por meio da disponibilização do acervo online, realização de visitas educativas mediadas, palestras e atividades culturais para o público geral; 13- Mantém atendimento presencial: o CMQ, além de manter seus canais online para atendimento, também está disponível para pesquisa e consulta de forma presencial. Ao longo de sua existência, tem recebido pesquisadores, jornalistas, alunos da rede pública e estudantes de diversos cursos de graduação, bem como a comunidade interessada;