Associação de Amigos da Fazenda da Tafona – Casa de Memória

A Fazenda da Tafona é uma casa colonial, construída entre 1810 e 1820, com um anexo que é a fabrica de farinha de mandioca - Tafona - que, a partir dos anos 2000, passou a dar nome ao local que, antigamente, chamava-se Fazenda São José. A Tafona era movida a boi e operada por pessoas escravizadas e é um exemplar único no Rio Grande do Sul, por estar completa e também por estar em seu local original. Por conta da Tafona e também pela casa, que ainda preserva vários elementos históricos e arquitetônicos, toda a construção faz parte dos bens tombados pelo município de Cachoeira do Sul e pelo Estado do Rio Grande do Sul. Assim, a Fazenda foi se constituindo como um aglutinador de pessoas que amam o lugar e sua representatividade, como elemento significativo para que se conte a história dos povos originários que viviam na região, dos portugueses que foram responsáveis pela ocupação da terra e conquista do território tal como hoje vivenciamos, e também das pessoas escravizadas que viveram e trabalharam tanto no campo, na criação de gado e nas plantações, como na unidade industrial, na transformação das raízes da mandioca em farinha. Esse cenário é o fundamento de nosso Ponto de Memória, que não se restringe a apenas buscar sua história mas, desde a sua fundação, em 2013, participa, por meio de sua Associação, de várias campanhas pela preservação de elementos históricos da cidade de Cachoeira do Sul, sendo reconhecida entre as entidades municipais como parceira na luta em defesa da memória local. Além disso, foi promotora da campanha para a transferência do Museu da cidade para o prédio da Câmara e Cadeia, denominado Paço Municipal, que havia sido restaurado pelo poder público, em 2016. Em 2020, promoveu uma Roda de Conversa com representantes de várias instituições, buscando o debate sobre o turismo histórico e cultural, áreas que se complementam em sua transversalidade e que fazem parte do "menu" do turista, tanto nacional quanto internacional. Ao lado da Fazenda da Tafona, está localizada a Escola Municipal Emília Vieira da Cunha, que tem em seu currículo a história da Fazenda. Anualmente, os alunos visitam a Fazenda, tanto para fazer trabalhos, como para ter uma aula no jardim da casa, ou como passeio de final de semestre. LANÇAMENTO DO TERRITÓRIO NEGRO DA FAZENDA DA TAFONA A Associação também tem contato com representantes do movimento negro do município e, com eles, foi planejado um evento para comemorar o Dia Estadual do Patrimônio, em agosto, quando será lançado o "Território Negro da Fazenda da Tafona", com procissão luminosa, pedido de perdão feito pelos proprietários e chamada dos ancestrais negros que constam nos inventários da família. Este, certamente, será o primeiro de muitos eventos que serão promovidos para enfrentar o apagão histórico a que as famílias de afrodescententes e dos povos originários foram submetidas. Em um segundo momento, serão contatados os representantes das comunidades indígenas do município, para que possa ser formatado um evento temático que lembre e acolha a cultura desses povos.